Dicas Para Montar Seu Repertório

Por Ramon Domingos



Olá, caros amigos do Guitar Coast! Como vão todos vocês?

Continuamos nossos bate papos com um tema bem legal! Repertório! Sim!!! Como montar seu repertório, quais músicas escolher, o que priorizar e assim por diante!

Um repertório na vida do guitarrista, do músico em geral é algo vital, além de ser muito prazeroso tocar as músicas de nossos ídolos, não é mesmo?

O repertório acompanha nossa vida. À medida que vamos nos desenvolvendo logicamente passamos a encarar músicas mais complexas e assim vamos seguindo, e lógico que a medida que essas dificuldades na execução das peças musicais aumentam, nossa dedicação esforço e até mesmo a maneira que guiamos nossos estudos mudam!

Há muitas coisas para falar dentro desse tema, parece algo simples, mas há certas determinações que são importantes considerar, para que ocorra tudo bem durante seus estudos práticos de música e guitarra!
Vamos conversar sobre tudo isso, como montar seu repertório de acordo com seu nível musical, onde conseguir materiais de qualidade, como tirar música de ouvido, como organizar seus estudos, enfim... teremos bastante coisas a delatar sobre esse tema.

Vamos partir do começo! Primeiros acordes e primeiras peças musicais!

Ok, você se matriculou na aula de guitarra muito afim de tocar as coisas dos seus ídolos, inspirado por caras que fizeram você enxergar a guitarra de uma outra forma e assim por diante!

Muita calma nessa hora. Você não vai sair da primeira aula com uma lista de repertório pronta, ou até mesmo já tocando uma música dos seus sonhos! Até você chegar lá talvez demore um pouco.

Tenha paciência e escute seu professor. Às vezes, as coisas simples são estruturais para seu futuro, não despreze nenhum ensinamento por mais simples que seja, lá na frente será muito importante, e pular etapas é prejudicial no futuro. Se você quer aprender com qualidade e ter bons critérios no que você toca, siga estritamente os conselhos de seu professor!

Você não vai escapar daqueles dois primeiros meses de estudos teóricos e exercícios práticos no instrumento que às vezes parecem ser maçantes, mas que são cruciais no seu desenvolvimento. Valorize isso, encare esse momento como se fosse o som que você sonha em tocar e atravesse essa primeira fase com êxito, lembrem-se o ponto inicial é sim o mais difícil, pois você está se abrindo para os conceitos musicais, um aluno avançado, por mais estranho que seja tem bem menos dificuldade que um iniciante, pois já está inserido nos contextos teóricos e práticos da música! Então... Aguente firme, marujo!!! Tudo realmente começa do zero! Seus ídolos que o motivaram a tocar guitarra, também passaram por isso!

Legal! Nesses primeiros meses você vai aprender teorias básicas, principalmente para saber se situar e se “comunicar” com a música! Alguns exercícios básicos de fortalecimento dos dedos e digitações, alguns acordes naturais sem pestanas e algumas levadas para iniciantes!

Passando por esse período, acredito que você já está apto para encarar as primeiras peças musicais!

Nesse ponto, ainda preze pela paciência, seu professor irá te direcionar da maneira mais correta, talvez ele passe algumas peças musicais que não são muito do seu gosto, mas que são didaticamente importantes para seu desenvolvimento, novamente escute seu professor e siga os conselhos dele.

Vamos seguindo... Nesse ponto vamos imaginar que você já esteja tocando alguns acordes e levadas, e até já consiga se virar sozinho em algumas músicas. Muito bom! Seu progresso está sendo excelente!

Converse com seu professor e discuta um repertório. Nesse momento, escolha um desafio! Se você antes não tocava acordes com pestana, talvez seja o momento de aprendê-los. Se antes você tocava música com três acordes, encare agora as com cinco acordes!

Monte uma lista de dez músicas a serem cumpridas juntamente com seu professor, conte com o auxílio dele, tente tocar as músicas sozinho, mas saiba que é importante contar com um professor. As opiniões dele são cruciais no seu desenvolvimento, tente ser autossuficiente e tocar as músicas por você mesmo, mas não deixe de consultar o professor se alguma dificuldade aparecer, sempre sane suas dificuldades!

Seja sempre muito realista. Desafie-se, mas também não encare músicas que possam ser muitos difíceis no momento, é importante seguir passo a passo, você nunca vai conseguir ótimos resultados se pular etapas, determine tais músicas de acordo com o seu nível musical no determinado momento.

Além de ser divertido montar um repertório, também é muito importante para o seu desenvolvimento, à medida que vai cumprindo suas metas você verá o desenvolvimento, e isso é muito bom!

Hora de renovar seu repertório! Nesse ponto você já está mais experiente, conseguindo tocar algumas músicas, então nesse ponto iremos idealizar novos conceitos a serem desenvolvidos, lembrando que um repertório é algo que, além de ser divertido, tem que te ajudar a se desenvolver.

Mais cuidado e mais critério na seleção de músicas nessa parte! Acredito que aqui, você já pode pensar de forma mais independente, priorize um repertório que caminhe de acordo com os assuntos que está aprendendo nas suas aulas de guitarra! Isso é importante para seus estudos se aliem ao seu repertório. As coisas caminham mais organizadas dessa forma, tudo acaba funcionando melhor!

Muita atenção nos materiais que você usa como fontes para buscar transcrições das músicas, tome muito cuidado! Há muito material com conteúdos errados internet afora! Peça boas referências a seu professor! Costumo sempre indicar os songbooks, pois sei que são transcrições feitas por profissionais e revisadas pelos próprios artistas, mas um songbook é caro e difícil de encontrar, então muitos optam por caminhos mais acessíveis, para isso costumo indicar algumas tabs do Guitar Pro que contenham boas avaliações, mesmo assim, antes de passar ao aluno, faço uma revisão.

Tome cuidado também para não se ‘viciar’ muito nessa questão de tablaturas e Guitar Pro! São caminhos muito legais que agilizam nossos aprendizados, mas também, por facilitarem demais, às vezes nos roubam alguns conceitos importantes como treino de ouvido e estudo de partitura! Leve isso em conta!

A propósito, é importante treinar o ouvido? Claro! O ouvido é sua ‘comunicação’ direta com a música, você consegue ouvir e enxergar tudo que está colocado lá. Então, esse treino também é muito importante, mas treino de ouvido não é simplesmente pegar uma música e sair tentando tocar sem antes ter feito nenhum treino de percepção antes.

Nos treinos de ouvido é importante se estruturar bem! Há muito estudo legal para se fazer antes de tentar tocar as músicas de ouvido! Converse com seu professor, estabeleça um bom estudo de percepção, há bons softwares para isso! Indico o EarMaster! Não existe puro dom para treino de ouvido! Algumas pessoas tem facilidade, outras não! Porém, todo mundo tem que estudar!

Outra dica importante, procure treinar as músicas com o próprio áudio! Digo isso por experiência própria. Anos atrás, eu tocava as músicas que curtia e ia montando meu repertório, até que um dia me dei conta... “Será que estou tocando a música no tempo certo?” Sei lá, cara! Mas tive uma ideia. A solução que obtive para saber isso foi cronometrar o que eu estava tocando. Eu fui lá e me cronometrei tocando The Number of The Beast do Iron Maiden, fiz ela em cerca de três minutos e meio, e a música tem cinco! Há algo errado nisso, certo? E acredito que seja comigo e não com o Iron Maiden, né!

Então a partir desse ponto passei a confrontar tudo que tocava com o áudio original. Poucos fazem isso! E minha intenção era bater nota a nota do que estava sendo tocado, inclusive os solos, que naquela época era a minha piração!

Façam isso! Pois o áudio original logicamente é a referência mais correta das músicas que você curte!

Há também alguns backing tracks de músicas, isso também é muito bom, te ajuda a melhorar na interpretação e também na segurança na hora de tocar ao vivo!

Tome cuidado para não acelerar demais. Treine também muito com o metrônomo, não só as músicas, mas exercícios, ditado rítmico e melódico, tudo isso é importante, e serve de base na hora de você conseguir fazer seu som!

Temos a natureza de sempre tentar acelerar! Para isso há o metrônomo, sempre precisamos nos regular quanto ao andamento.

Agora... Por que há a tendência por acelerar as músicas e os treinos? Ora... Eu tenho uma explicação simples, quando começamos a tocar sentimos a necessidade de sempre ter que ‘fazer mais rápido’, pois estamos no início e sem treino para garantir o mínimo de agilidade nada funciona, porém, é no inicio onde o aluno acaba absorvendo com mais veemência os conteúdos, então acabamos por compreender essa necessidade de ‘fazer mais rápido’ como uma verdade absoluta para tudo, porém, chega uma hora que as coisas tomam um rumo que não é necessário acelerar mais, e muitas vezes não percebemos isso e passamos do ponto!

Bom... Vamos entender então que você já está trabalhando em novos repertórios, está tocando algumas músicas mais difíceis, está tocando as músicas que você curte e isso é ótimo, é uma conquista! Um mérito seu! Parabéns... Agora vamos para outras!

Nesse ponto, é legal que você já se conheça bem tenha ciência do ponto que quer chegar e consegue tocar as músicas desejadas sozinho, é importante você tentar chegar ao seguinte ponto, treinar e estabelecer seu repertório de forma independente e deixar sua aula para tratar dos conceitos a serem tratados, claro que seu professor sempre vai te ajudar em tudo. Mas é importante criar autonomia! Busque isso!

Acredito que cada vez fique mais importante você tentar trazer seu repertório para os conceitos que você está estudando. Atente-se também para a improvisação, conceito de extrema importância que deve ser exercitado, a improvisação te permite conhecer novos territórios na música, ou seja, lhe permite ter um conceito musical, assim como os seus ídolos tem!

O estudo da parte técnica também é importante, escolha músicas que te desafiem! Tenha sempre isso em mente, olhe para trás e veja o quanto você já caminhou!

Tire uns solos, improvise outros, às vezes é legal seguir a risca o que foi feito por um outro guitarrista, às vezes é legal trazer suas concepções, os solos permitem isso! Faça aquilo que você achar importante nesse momento!

O repertório sempre caminhará lado a lado contigo, à medida que você se desenvolve seu repertório acaba mudando um pouco, quando você vê, já está lá na frente tocando músicas que nem imaginava tocar, seus objetivos lá trás que eram tocar determinadas músicas, você vê que já mudou muito e está muito além disso. Parabéns pelas conquistas!

Procure sempre uma banda, toque com uma galera! E para a banda monte um novo repertório. Uma coisa é seu repertório, outra coisa é o repertório da banda!

Porém, atente-se a um fato, a medida que você cresce na música é normal que você fique muito preso a uma única linguagem musical, tente sempre também se desafiar tocando músicas que não é muito do seu gênero, isso lhe obrigará a estudar coisas novas e buscar outras referências, é bom! Enriquece seu repertório!

Siga caminhando! E lembre-se.... Um repertório é muito legal... tocar música de outros guitarristas é ótimo... Mas seus ídolos não são nada além do que você também pode ser! Não endeuse muito suas referências! Componha também! Dê esse passo! Construa suas músicas, no fim o que resultará das suas sonoridades é tudo isso que conversamos aqui! Boa Sorte à todos! Um grande abraço!

Autor: Ramon Domingos

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