Começo esse novo artigo no Guitar Coast - aliás, é um prazer estar por aqui - com o tema cromatismo na música erudita. Uma das técnicas mais poderosas da guitarra, a palhetada alternada, aliada ao cromatismo, resulta em uma sonoridade de forte pegada.
O cromatismo requer tons e
semitons agrupados. Parece fácil, mas tente e verás... Escolhi a música
Voo do Besouro (The Flight of the Bumblebee), grande hino de alguns guitarristas instrumentais (peça
escolhida nas competições do Guinness Book para velocidade na guitarra) como
Petrucci, Malmsteen, Paul Gilbert e por aí vai.
Primeiro, devemos observar a
palheta: toque com a ponta da palheta nas cordas. Isso assegura mais leveza no
ataque, ficando assim o som mais limpo, o que é fundamental para o bom
guitarrista. Procure fazer o movimento do pulso leve, isto é, pequeno, quanto
mais se consegue controlar esse movimento, melhor. A mão direita deve ficar bem
arqueada, utilize a ponta dos dedos, o que nos facilita a ter uma maior
velocidade na troca de cordas.
Cromatismo
Bom, mas o que seria
cromatismo? O cromatismo consiste em
tocarmos, de forma ascendente ou descendente, semitons agrupados em sequência.
Podemos contextualizar da seguinte maneira: Os cromatismos são geralmente
estruturados como frases musicais compostas de notas cromáticas, com a intenção
de gerar tensão melódica ou harmônica, prolongando o desenvolvimento tonal e
adiando a resolução melódica.
O cromatismo por modulação
progride melodicamente, passando por melonotas cromáticas antes de retornar às
notas da tonalidade original ou de assumir uma nova tonalidade. Isso prolonga a
tensão natural da cadência melódica. Nas formas harmônicas são utilizadas notas
pertencentes a acordes de função dominante ou subdominante secundários ou
auxiliares, ou a acordes da relativa menor/maior da tonalidade original
(empréstimo modal). Em geral, o cromatismo está associado à utilização de
alguma forma de dissonância.
Como elemento de modulação já era
parte integrante da música tonal desde sua sistematização. Nos dois volumes do
"Cravo
Bem Temperado", Bach utilizou todas as 12 tonalidades maiores e
menores, demonstrando a relação do campo tonal ao campo cromático por meio das
modulações e transposições.
À medida que os compositores da
segunda metade do século XIX expandiram os conceitos da música tonal, com novas
combinações de acordes, tonalidades e recursos harmônicos, a escala cromática e
os cromatismos se tornaram mais frequentes. Como elemento expressivo, esta
técnica encontrou seu auge no final do Romantismo, com Franz Liszt, Gustav
Mahler e Richard Wagner. Um dos melhores exemplos do papel expressivo do
cromatismo é a ópera Tristão e Isolda, de Wagner.
A utilização cada vez mais
acentuada do cromatismo é apontada como uma das causas principais do rompimento
com a tonalidade pelos compositores do início do século XX, que levou ao
desenvolvimento da música dodecafônica e da música serial. Embora o cromatismo
possa ser utilizado como uma forma dramática de prolongar a tensão tonal, ele
também pode ser utilizado como uma forma de romper com a estrutura hierárquica
da escala diatônica e criar composições que não possuem um centro tonal nem
atingem nunca um repouso, no sentido utilizado pela música tonal.
Além da música erudita, o
cromatismo também é utilizado frequentemente no jazz, blues, choros e em alguns
outros gêneros populares.
O VOO DO BESOURO
The Flight of the Bumblebee (O Voo do Besouro) é um interlúdio musical famosíssimo, caracterizado principalmente pela sua velocidade e pelos seus diversos cromatismos, composto entre 1899 e 1900 pelo militar, professor e compositor russo Nikolai Andreyevich Rimsky-Korsakov para a ópera A Lenda do Tzar Saltan.
Autor: Júlio Vallim
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