Por Emiliano Gomide
Modos Gregos é um assunto interessantíssimo. Porém, muita gente foge dele porque acha que é complexo. Não é!
Vamos lá.
O que são Modos Gregos?
Como esse é um assunto que cada pessoa explica de uma forma diferente, pode parecer que uma está certa e outra errada, quando ambas estão corretas. Por isso, vou explicar aqui as 4 formas mais comuns de falar sobre Modos Gregos, para você ver que essas 4 explicações são, no fundo, apenas aspectos diferentes do mesmo assunto.
1 - Modos Gregos são uma forma de improvisar e solar
Existem, basicamente, duas formas de criar um solo de guitarra: usando a abordagem Modal; ou a Tonal.
A abordagem Tonal é, geralmente, mais facilmente compreendida e utilizada. Funciona assim: você descobre qual é a tonalidade da música (por exemplo, Dó Maior), e depois improvisa na escala dessa tonalidade (no caso, na escala de Dó Maior). Simples. A música Tonal gira em torno de uma harmonia, com acordes que combinam entre si (Campo Harmônico). E, quando se está improvisando, você cria uma melodia que combina com as notas desses acordes. Em geral, as músicas que ouvimos são criadas dessa forma (desde Beethoven, até Black Sabbath).
A abordagem Modal (Modos Gregos) é diferente. Ela gira em torno de uma nota centro, a nota referência da canção. A ênfase da música modal está mais na melodia, e menos na harmonia entre acordes. O objetivo é criar uma atmosfera, um clima para a música.
2 - Modos Gregos são as notas da escala maior, só que invertidas
Para começar, Modos Gregos nada mais são do que a própria escala maior que todos já conhecem, com exatamente as mesmas notas. A única coisa que muda é a ordem das notas.
Por exemplo, na escala de Dó Maior, as notas são: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si. Quando enxergamos essa escala com a visão dos Modos Gregos, podemos começar a tocar a escala por qualquer uma dessas notas. Ao invés de começar pelo Dó, podemos começar pelo Ré, a segunda nota da escala. Aí, ficaria Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó.
Essa questão de começar a tocar por uma certa nota é importante do ponto de vista dos Modos Gregos, pois é a primeira nota da frase que dá o tom, e as notas seguintes geram um intervalo em relação a essa nota.
Isso significa que, ao solar, é preciso começar com uma certa nota para gerar um modo? Não necessariamente. Essa primeira nota é apenas a referência.
Como são 7 notas na escala, temos 7 Modos Gregos: Jônio, Dórico, Frígio, Lídio, Mixolídio, Eólio, Lócrio. Cada Modo Grego começa por uma das 7 notas, que faz o papel da tônica.
O importante dessa mudança na ordem das notas, não é a ordem em sim, mas os intervalos gerados entre as notas da escala e a tônica. Para cada modo, esses intervalos mudam, e é isso que gera diferentes "atmosferas". Em cada modo, certos intervalos se destacam mais, e formam a sonoridade típica de cada um, ou atmosfera, como explicado abaixo.
3 - Modos Gregos são a escala maior com "climas" diferentes
Quando você usa a abordagem descrita acima, você passa a criar novos climas para a música. Dominar os Modos Gregos significa conseguir criar esses climas, como indicado a seguir:
Jônio - É um modo maior. Conhecido simplesmente como a Escala Maior. Possui sonoridade aberta e alegre. É muito utilizado em diversos estilos, como Pop, Bossa Nova e Reggae.
Dórico - É um modo menor. Possui atmosfera sofisticada e é bem usado no rock. Um exemplo de guitarrista que usa é o Santana.
Frígio - É um modo menor. Possui uma atmosfera misteriosa, usada na música flamenca. Usado por Kirk Hammett, do Metallica, em Wherever I May Roam.
Lídio - É um modo maior. Gera uma atmosfera fantasiosa. Bastante usado por Steve Vai.
Mixolídio - É um modo maior. Possui uma atmosfera tensa. Muito usado em música nordestina, blues e jazz.
Eólio - É um modo menor. Conhecido simplesmente como a Escala Menor, possui uma atmosfera mais triste. É o modo mais utilizado, desde músicas românticas até bandas de metal, como Iron Maiden.
Lócrio - É um modo menor. Tem sonoridade estranha, sendo o mais difícil para criar música e pouco utilizado. É mais usado no jazz e fusion.
4 - Modos Gregos é a relação entre uma escala e um acorde
Aprenda essa valiosa lição: quem manda na música é o acorde.
Digamos que você esteja tocando as notas da escala de Dó Maior e um amigo esteja tocando o acorde Dó Maior. O som de cada nota da escala irá combinar de uma certa maneira com esse acorde. Umas notas vão soar bem, e outras não tão bem.
Agora, digamos que você continue tocando as mesmas notas da escala de Dó Maior, mas o seu amigo passe a tocar o acorde de Ré Menor. Agora, as notas da escala vão combinar de uma forma diferente, pois o acorde mudou. Apesar de estar tocando exatamente a mesma escala, você perceberá que a sonoridade ficou completamente diferente! Interessante, não é?
Esse é o significado dos Modos Gregos - é a forma como as notas da escala se relacionam com o acorde que está sendo tocado. Pelo ponto de vista dos Modos Gregos, se você continua solando na mesma escala a música inteira, a cada vez que o acorde muda, é um modo diferente, com uma atmosfera diferente. Por isso, se você quiser manter certa atmosfera ao longo da música inteira, você precisa mudar a escala a cada vez que o acorde muda.
Mas há outra forma de manter uma atmosfera quando você for compor uma música, sem ter que ficar mudando a escala. Para isso, é necessário usar os acordes típicos de cada modo. Por exemplo, no modo Eólio, os acordes típicos são os acordes menores; no modo Frígio, os acordes típicos são os acordes menores e os acordes menores com sétima.
Conclusão
Para aprender Modos Gregos, não é necessário aprender nenhuma escala nova. Basta usar a escala maior e escolher as notas que geram a atmosfera que você deseja criar (alegre, triste, etc), atentando-se ao acorde que está sendo tocado.
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Os Modos Gregos são uma forma de solar na guitarra e no violão que permite você criar as mais diversas sonoridades, gerando sensações e emoções inexplicáveis na sua música.
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Bons estudos!
GuitarCoast