Amplificadores Valvulados

Amplificação Valvulada - A Origem do Rock n' Roll



A amplificação valvulada remete às origens de todo e qualquer instrumento eletrônico. Antigamente, lá no começo do século XX, para se conseguir amplificar qualquer sinal eletrônico, era necessário o uso de um equipamento chamado válvula (fisicamente muito parecido com uma lâmpada). As válvulas eram usadas em rádios, televisões, tocadores de vinil e... amplificadores de instrumentos musicais. 

Mas a importância da válvula não é só tecnológica. Por uma limitação física, elas acabaram por refefinir a história da música moderna e foram fundamentais para a criação do rock n' roll.

Por quê?

Uma válvula só consegue amplificar um sinal com alta fidelidade até um certo nível. Passando deste ponto, a válvula começa a distorcer naturalmente o som. Usando amplificadores valvulados, os pioneiros da guitarra distorcida (Willie Johnson, Chuck Berry, etc) abriram as portas para o timbre que seria obrigatório na revolução musical dos anos 50/60.

As válvulas, por estarem ligadas às origens da distorção, praticamente definem o que nossos ouvidos estão acostumados a compreender como um bom timbre de guitarra. De Beatles a Metallica, de AC/DC a Radiohead, de Pink Floyd a Stevie Ray Vaughan, todos eles usavam, em algum nível, uma válvula para amplificar o som de seus instrumentos.

Há justificativas físicas para tal fascínio.

Timbres Limpos - Mais gordos e mais ricos

O timbre limpo de um valvulado é muito mais gordo e rico que um transistorizado. A compressão natural proporcionada pelas válvulas valoriza cada detalhe do instrumento e gera um som que preenche o ambiente de forma muito mais intensa. Exemplos de timbres limpos de amplificadores valvulados: "Hallelujah" de Jeff Buckley e "Lenny" de Stevie Ray Vaughan.

Timbres Distorcidos - Controle através da pegada

Conforme o nível de sinal de entrada vai aumentando, o som começa a ficar distorcido. Essa passagem entre o som limpo e o som distorcido é um dos baratos de um valvulado. É um caminho natural, sem precisar de um pedal, e que possibilita o uso da pegada para determinar o nível de distorção do som. Somente aumentando ou diminuindo a instensidade da palhetada, um guitarrista consegue ir de um som límpido e cristalino para algo bem distorcido. 

Se a guitarra for de qualidade (com um potenciômetro bem regulado), dá até pra determinar o nível de distorção através do controle de volume do instrumento. Isso se chama "dinâmica do som" e é uma das principais características de um amplificador valvulado.

Distorção cheia de harmônicos naturais

Há algo mais que diferencia a distorção valvulada de todas as outras: os harmônicos. Grosso modo, quando nós ouvimos uma nota, não estamos ouvindo só aquela nota. Escutamos também seus harmônicos. Um Mi não é só um Mi. É um Mi, seguido de um Mi numa oitava acima, de um Si, de um Lá e assim por diante, respeitando a série harmônica. Para comprovar isso, basta reparar como, no seu violão, quando você toca a corda Mi, as cordas Lá e Si também vibram. 

A quantidade e intensidade dos harmônicos de uma nota está diretamente relacionada à sua beleza e riqueza sonora. Uma distorção rica em harmônicos naturais é o sonho de qualquer guitarrista. Cada guitarra (dependendo do corte, da madeira, etc) tende a facilitar a percepção de harmônicos de algumas notas em detrimento de outras. Basta plugar sua guitarra num bom amplificador distorcido e testar cada nota (preferencialmente nas cordas Sol e Si) para descobrir qual delas, quando sustentada por um bom tempo, consegue gerar naturalmente a oitava acima. 

Exemplo de timbre distorcido para solo: gravação ao vivo de "One Way Out" do Allman Brothers Band. Repare no solo de Dickey Betts. Cada nota parece gritar e chamar por sua oitava (e o resto de seus harmônicos), sem que ele force nada.

Tudo tem um preço

Mas essa pureza sonora dos valvulados não vem sem custo.

Comparando modelos do mesmo porte, os valvulados são bem mais caros. E não é só o custo de aquisição. A manutenção é bem mais cara também. Não é em qualquer esquina que se encontra um técnico especializado em amplificadores valvulados. Sem contar que as válvulas (como as lâmpadas) possuem uma vida útil e devem ser trocadas de tempos em tempos. Considerando um amplificador com 5 válvulas com um custo médio de R$70 por válvula, uma troca pode custar R$400 (com mão-de-obra).

Os amplificadores valvulados são mais pesados, pois as válvulas exigem transformadores poderosos para adequar a voltagem de entrada à padrão de seu trabalho.

Mais pesados, porém mais frágeis. As válvulas são como lâmpadas, não podendo ser transportadas de qualquer jeito (principalmente quando estão quentes, após uso) o que exige do usuário um maior cuidado. É necessário esperar as válvulas aquecerem antes de abusar delas e é preciso uma atenção maior à voltagem e condições elétricas do local em que se plugará o amplificador. Em condições inadequadas, as válvulas podem superaquecer, levando a uma redução na vida útil do equipamento.

Por sinal, nem precisa reforçar o cuidado que precisa ter para manusear estes amplificadores. O calor das válvulas, dos trafos, a quantidade de corrente que circula pelos capacitores e resistores... Não dá, mas não mesmo para um leigo se aventurar no meio daqueles fios. O perigo é imenso!!

Outro "defeito" dos amplificadores valvulados é mais uma consequência natural de sua vantagem. Por só ser possível conseguir uma distorção natural de válvulas quando o volume está em níveis altos, um amplificador valvulado só realmente mostra a sua cara, seu timbre verdadeiro, em volumes beeeem acima de qualquer aplicação caseira. Comprar um Marshall Plexi ou qualquer outro amplificador valvulado para usar em casa, trancado no seu quarto é ou subutilizar o equipamento ou comprar briga com seus vizinhos.

Autor: Bernardo Versiani

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